Parece-me que a maioria de nós tem consciência da periódica ocorrência dos "mundos" fantasiosos criados, em vários domínios da vida, por especuladores. A maioria dos interessados nestes assuntos tem, também, consciência que um simples aviso à navegação feito por quem tem créditos e estatura no domínio, pode ser o suficiente para arrefecer o ímpeto dos menos avisados. O problema é que, por vezes, a prestação de um bom serviço à “causa pública” tem um preço e poucos se dispõem a paga-lo. Preferem muitos reservar a revelação do seu “verdadeiro” posicionamento para os livros de memórias, quando esse já é irrelevante e inconsequente.
Presentemente vivemos tempos incertos onde se acusam os especuladores monetários internacionais (e não só) dos males que afectam a Zona Euro e da sua moeda. Mas não estariam essas ameaças já visíveis (mesmo para leigos) à décadas? Não teria sido mais adequado usar da retórica adequada (e acção) no momento certo?
A este propósito (especulação desenfreada - imobiliária e bolsista) escrevia John Kenneth Galbraith, no seu livro “The Great Crash of 1929”:
“Em 1929, uma firme e robusta denuncia dos especuladores, e especulação, por alguém de elevada e reconhecida autoridade, emitindo aviso de que o mercado estaria demasiado valorizado, teria certamente quebrado a fantasia. Essa denuncia teria, certamente, feito muita gente recuar nesse mundo do faz-de-conta.
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A verdadeira eficácia dessa medida (aviso à navegação) era o problema. De todas as armas no arsenal da Reserva Federal, as palavras eram aquela cujas consequências eram mais imprevisíveis. O seu efeito poderia ser instantâneo e terrível. Contudo essas consequências poderiam ser atribuídas com grande precisão à pessoa, ou pessoas, que as proferissem. E a retribuição seguir-se-ia. Para os mais cautelosos dirigentes da Reserva Federal, dos princípios de 1929, o silêncio parecia literalmente de ouro”.
Este parágrafo faz-me lembrar uma outra célebre citação atribuída a Napoleão Bonaparte:
“Ninguém tem o coração do lado contrário ao dos seus interesses”.
O problema é que os interesses tem evoluído mais no sentido dum egoísmo materialista, e dum visível hedonismo, do que no sentido humanista e no do serviço ao semelhante.
Uma interessante descrição e opinião sobre a especulação aqui.
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