As Costas Insulares Vulcânicas - do Temperado Atlântico Norte. Ponta Delgada - 06.2018
Zonas da vinha de S. Caetano e da Quinta da Glória, no Rosto do Cão, Livramento (Açores).
Estas paisagens não passam pela vista do turista comum, mas representam boa parte daquilo que os ambientes costeiros das Ilhas Açorianas são.
Nas ilhas do Grupo Central este tipo de ambientes está entranhado no imaginário de residentes e passa para o dos visitantes. Mas, por S. Miguel, nem tanto. Apenas algumas incitativas de transformar estes "ecossistemas" em produtos de "deslumbramento" ou "fascínio" foram levadas a cabo pela Ilha Maior (o nosso aplauso para o Caloura Hotel e outras iniciativas nas redondezas).
Se calhar é bom que não se dê muita notoriedade a isto - senão aparecem por aí bandos de "ambientalistas" a reclamar, a "Bem da Nação", uma centenas de novos planos e regulamentos, e umas avenças, contratos, gabinetes com ar-condicionado, carrinhas, estudos e viagens a outras paragens, para se habilitarem a fazer cumprir as novas imposições.
Enquanto essas "aves" não aparecerem, não se manifestarem muito ou não se agregarem a "Valores-mais-altos", continuaremos a ter o prazer de fruir esta paisagem e natureza.
Esperemos que não aparecem muitos "grandes investidores" a contratar estudos a alguns desses "especialistas tutores do interesse alheio" para, cirurgicamente, desafectaram dos seus "Feudos de protecção" aquilo que entenderem que o "valor" do estudo justifica. Se “casamentos” desses ocorrerem (entre "profissionais protectores ambientais e urbanos" e "aves-de-arribação") , com a “legitimidade” que o regime lhes pode dar, desta costa poucos vestígios poderão sobrar.
Zonas da vinha de S. Caetano e da Quinta da Glória, no Rosto do Cão, Livramento (Açores).
Estas paisagens não passam pela vista do turista comum, mas representam boa parte daquilo que os ambientes costeiros das Ilhas Açorianas são.
Nas ilhas do Grupo Central este tipo de ambientes está entranhado no imaginário de residentes e passa para o dos visitantes. Mas, por S. Miguel, nem tanto. Apenas algumas incitativas de transformar estes "ecossistemas" em produtos de "deslumbramento" ou "fascínio" foram levadas a cabo pela Ilha Maior (o nosso aplauso para o Caloura Hotel e outras iniciativas nas redondezas).
Se calhar é bom que não se dê muita notoriedade a isto - senão aparecem por aí bandos de "ambientalistas" a reclamar, a "Bem da Nação", uma centenas de novos planos e regulamentos, e umas avenças, contratos, gabinetes com ar-condicionado, carrinhas, estudos e viagens a outras paragens, para se habilitarem a fazer cumprir as novas imposições.
Enquanto essas "aves" não aparecerem, não se manifestarem muito ou não se agregarem a "Valores-mais-altos", continuaremos a ter o prazer de fruir esta paisagem e natureza.
Esperemos que não aparecem muitos "grandes investidores" a contratar estudos a alguns desses "especialistas tutores do interesse alheio" para, cirurgicamente, desafectaram dos seus "Feudos de protecção" aquilo que entenderem que o "valor" do estudo justifica. Se “casamentos” desses ocorrerem (entre "profissionais protectores ambientais e urbanos" e "aves-de-arribação") , com a “legitimidade” que o regime lhes pode dar, desta costa poucos vestígios poderão sobrar.
Em baixo: Currais de vinha de S. Caetano e Quinta da Glória, Rosto do Cão, Livramento 1940s.
Esta grande quinta (em área) exibe ainda muitas dezenas de quilómetros de muros de pedra seca e hectares de solo pedregoso. Neste solo, como mostram as imagens acima, ainda são visíveis "milhares" de pequenos cilindros de pedra removida para plantação de videiras ou laranjeiras. Não é impossível imaginar a quantidade de pessoas que trabalhou por ali, na construção destes imensos e altos muros de pedra e na exploração desta "Quinta Lunar". Não parece que, com a produtividade típica que um solo destes pode ter (muito escassa), "homens livres" tivessem trabalhado por aqui.
Os currais do lado esquerdo (a poente, entre praias do Pópulo e das Milícias) já haviam sido desfeitos antes dos anos de 1970s. A sua pedra terá sido, quiçá, usada para qualquer aterro ou empurrada para o mar para criação de espaço urbanizável, que até 2018 nunca o chegou a ser.
Não conseguimos apurar de quem foi esta quinta no séc. XIX. Todavia dada a proximidade do Solar da Glória (de 1802 - Livramento), do Americano Thomas Hickling (1745-1834), não será de estranhar que tivesse sido dele e de herdeiros.
Não conseguimos apurar de quem foi esta quinta no séc. XIX. Todavia dada a proximidade do Solar da Glória (de 1802 - Livramento), do Americano Thomas Hickling (1745-1834), não será de estranhar que tivesse sido dele e de herdeiros.
É de lembrar que parte destas vinhas e laranjais foi plantada na época do Bloqueio Continental de Napoleão dirigido contra a Inglaterra. Como parte da estratégia de guerra, muitos Ingleses assentaram arraiais por aqui antes que Napoleão cá chegasse. A Inglaterra dominava o Atlântico e os Açores eram vitais nesse dominio. E estando por aqui, plantaram laranjais (e vinhas) cujo fruto muito precisavam na Inglaterra e que na época não podiam comprar na Europa Continental.
Há quem defenda que os inflacionados proveitos do comércio da laranja serviram, em parte, de veículo de canalização de meios e de financiamento ao lado "Pedrista" da Guerra Civil Portuguesa. E há quem defenda que os intermediários (os da laranja e dos bancos) fizeram aquilo que era natural fazerem: enriqueceram com comissões da sua participação no processo. E, com essas fortunas, compraram a nobilitação e os títulos de marquezes, condes e barões à Coroa vencedora. A Real receita da venda de títulos serviu para pagar parte das dívidas da Guerra Civil (a banqueiros Ingleses) e para manter a dignidade da vida da Corte do vencedor D. Pedro IV.
Há quem defenda que os inflacionados proveitos do comércio da laranja serviram, em parte, de veículo de canalização de meios e de financiamento ao lado "Pedrista" da Guerra Civil Portuguesa. E há quem defenda que os intermediários (os da laranja e dos bancos) fizeram aquilo que era natural fazerem: enriqueceram com comissões da sua participação no processo. E, com essas fortunas, compraram a nobilitação e os títulos de marquezes, condes e barões à Coroa vencedora. A Real receita da venda de títulos serviu para pagar parte das dívidas da Guerra Civil (a banqueiros Ingleses) e para manter a dignidade da vida da Corte do vencedor D. Pedro IV.
Portanto, se assim foi, este comércio da laranja e do vinho não foi expressão pura do funcionamento de economia de mercado (como nos dias de hoje é conhecida ou ensinada). Terá assim sido mais uma expressão de jogos de poder global, travestidos de actividade económica mas sujeitos a manipulação financeira remota e centralizada.
Em baixo: Pormenor do Pópulo e Quinta da Glória, Rosto do Cão, Livramento 1940s.
A actual Estrada Regional convivia com a antiga estrada na década de 1940. Partes dessa antiga via já desapareceram ou estão grandemente alteradas.
“nesta
ilha de São Miguel não costumam fazer vinhas senão sobre pedras que, no tempo
passado, com terramotos e incêndios de enxofre e salitre, e outros materiais,
brotaram de debaixo da terra e correram em ribeiras de fogo sobre a superfície
dela, as quais resfriadas da quentura com que corriam, ficaram feitas pedras e
áspera penedia, sobre a qual pelo tempo adiante se criou e nasceu basto e
altíssimo arvoredo, o qual roçando depois os moradores desta ilha, por aqueles
biscoitais não prestarem para terra de pão nem de outros legumes, prantaram
neles vinhas”.
Não sobreviveram sinais gráficos destas quintas para além dos currais. Nem desenhos, nem pinturas, nem fotos para além da que acima se publica. É assim de presumir que: ou ninguém sabia desenhar ou fotografar; ou então, a imagem de vida que destes ambientes emanava não era coisa que merecesse ser divulgada (e, eventualmente, perpetuada).
Estas quintas não eram expressão das comunidades humanas locais. Existem sinais que suportam a tese da limitada relação entre muitos desses "empreendedores" de então e as colectividades locais - pois eram estrangeiros de arribação recente ou portuguêses sem fixação insular.
Nem tão pouco ficaram sinais das antigas (e grandes) adegas que ou caíram em estado de ruína, e foram demolidas, ou foram transformada e adaptadas a outras funções.
Assim, a épica dos "barões" que dominaram estas zonas e populações passou à história com narrativa laudatória dos seus feitos. Mas a sua relação com aqueles que, sem possibilidade de "fuga", contruiram e plantaram estes currais, foi atirada para o oblívio.
Estas quintas não eram expressão das comunidades humanas locais. Existem sinais que suportam a tese da limitada relação entre muitos desses "empreendedores" de então e as colectividades locais - pois eram estrangeiros de arribação recente ou portuguêses sem fixação insular.
Nem tão pouco ficaram sinais das antigas (e grandes) adegas que ou caíram em estado de ruína, e foram demolidas, ou foram transformada e adaptadas a outras funções.
Assim, a épica dos "barões" que dominaram estas zonas e populações passou à história com narrativa laudatória dos seus feitos. Mas a sua relação com aqueles que, sem possibilidade de "fuga", contruiram e plantaram estes currais, foi atirada para o oblívio.
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