terça-feira, 22 de junho de 2010

Lições sobre Dinheiro e Democracia

Num mundo quase completamente dominado pelo dinheiro o que nos ensina o Mestre?

Jesus ficou tão transtornado com a visão dos cambistas no templo que entrou e começou a virar-lhes as mesas e a expulsá-los com um chicote, sendo esta a única vez durante todo o seu ministério que temos notícia de Ele ter usado a força.
O que teria levado o grande pacifista a tornar-se tão agressivo?

Durante muito tempo foi pedido aos judeus que pagassem o imposto do templo com uma moeda especial chamada “shekelshekel”. Era uma moeda que pesava meia onça de prata, sem imagem gravada do imperador pagão. Esta era para eles a única moeda aceitável por Deus.
Mas, porque havia somente um número limitado destas moedas em circulação, os cambistas estavam num mercado de compradores e, tal como aconteceria com qualquer outro bem escasso, eles puderam aumentar o preço até ao máximo suportável pelo mercado.

Os cambistas fizeram enormes lucros com o seu monopólio destas moedas e transformaram este acto de devoção (do pagamento do imposto do templo) num escárnio lucrativo. Jesus viu isto como um roubo ao povo e proclamou toda aquela cena como “um covil de ladrões”.*

Uma vez aceite o dinheiro como forma de compra e venda, aqueles que produzem, emprestam e manipulam esse dinheiro em grande quantidade ficam obviamente numa posição muito forte. Eles são os “Trocadores de Dinheiro” (cambistas).

*Mt 21:13, Mr 11:17, Lu 19:46

The History of Money – part 1
No sítio da organização não-lucrativa XAT
(tradução livre do capítulo JESUS FLIPS (many coins) 33 A.D.)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

The Great Crash of 1929 - John Kenneth Galbraith - 2



"A nossa vida politica favorece os extremos do discurso; o homem que é dotado nas artes do seu abuso está destinado a ser um notável, quase sempre, uma grande figura."

The Great Crash of 1929 - John Kenneth Galbraith - 1

"Como instrumento de Politica Económica, o "encantamento" não permite a mínima das dúvidas ou escrúpulos.
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Ninguém sabia, mas também não podia ser forçado com frequência, que para um "encantamento" ser efectivo o conhecimento não era nem necessário nem assumido.
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Wall Street não tinha sempre sido um símbolo glorificado na nossa (EUA) vida nacional. Em algumas regiões da devota nação, aqueles que especulavam em acções - os jogadores de casino, termo ainda mais infamatório usado - não eram considerados os maiores adornos morais da nossa sociedade."

Finanças - As marés especulativas dos nossos tempos

Parece-me que a maioria de nós tem consciência da periódica ocorrência dos "mundos" fantasiosos criados, em vários domínios da vida, por especuladores. A maioria dos interessados nestes assuntos tem, também, consciência que um simples aviso à navegação feito por quem tem créditos e estatura no domínio, pode ser o suficiente para arrefecer o ímpeto dos menos avisados. O problema é que, por vezes, a prestação de um bom serviço à “causa pública” tem um preço e poucos se dispõem a paga-lo. Preferem muitos reservar a revelação do seu “verdadeiro” posicionamento para os livros de memórias, quando esse já é irrelevante e inconsequente.

Presentemente vivemos tempos incertos onde se acusam os especuladores monetários internacionais (e não só) dos males que afectam a Zona Euro e da sua moeda. Mas não estariam essas ameaças já visíveis (mesmo para leigos) à décadas? Não teria sido mais adequado usar da retórica adequada (e acção) no momento certo?

A este propósito (especulação desenfreada - imobiliária e bolsista) escrevia John Kenneth Galbraith, no seu livro “The Great Crash of 1929”:

“Em 1929, uma firme e robusta denuncia dos especuladores, e especulação, por alguém de elevada e reconhecida autoridade, emitindo aviso de que o mercado estaria demasiado valorizado, teria certamente quebrado a fantasia. Essa denuncia teria, certamente, feito muita gente recuar nesse mundo do faz-de-conta.
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A verdadeira eficácia dessa medida (aviso à navegação) era o problema. De todas as armas no arsenal da Reserva Federal, as palavras eram aquela cujas consequências eram mais imprevisíveis. O seu efeito poderia ser instantâneo e terrível. Contudo essas consequências poderiam ser atribuídas com grande precisão à pessoa, ou pessoas, que as proferissem. E a retribuição seguir-se-ia. Para os mais cautelosos dirigentes da Reserva Federal, dos princípios de 1929, o silêncio parecia literalmente de ouro”.


Este parágrafo faz-me lembrar uma outra célebre citação atribuída a Napoleão Bonaparte:

“Ninguém tem o coração do lado contrário ao dos seus interesses”.

O problema é que os interesses tem evoluído mais no sentido dum egoísmo materialista, e dum visível hedonismo, do que no sentido humanista e no do serviço ao semelhante.
Uma interessante descrição e opinião sobre a especulação aqui.