quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Amores e desencontros na política à portuguesa

Ainda, embora atrasado, sobre as licenciaturas da Universidade Independente ...

Vã Glória - posted by "Quinta Coluna": 5/17/2007

Esta carta, publicada no "Quinta Coluna", a meu ver, merece um lugar num "Podium" semelhante ao "Manifesto Anti-Dantas".

Versa assim o dito blogue:

Francisco Moita Flores anda de candeias às avessas com a Secretária de Estado da Reabilitação por questões de protocolo. Transcrevo na íntegra a carta enviada pelo autarca de Santarém à senhora Secretária de Estado.

Exmª Senhora
Secretária de Estado da Reabilitação
D.Idália Moniz

Depois do nosso encontro em Amiais de Baixo, no passado dia 16, e do sibilino conselho que V.Exª me murmurou na hora da despedida, acorri apressado, num misto de ansiedade e desvanecimento, à procura da Lei do Protocolo de Estado. Não era caso para menos. Eu ousara declarar que, por gentileza, deixava V.Exª fechar a sessão em que nos encontrávamos e era óbvio o meu gesto cavalheiro pois pertencia ao Presidente da Câmara Municipal de Santarém. Mas depois do discreto e merecido raspanete, reconheço que saí de Amiais com o coração em sobressalto, coração apertado de penitências, voz embargada de vergonha pois, mais uma vez, este ‘Presidente atípico’ como V.Exª certeiramente me catalogou depois de uma das minhas ‘gaffes’ à entrada, teria terminado em glória com mais ‘atipicidade’ à saída.

Sobravam-me quilómetros até ao canto onde arrumo, com cautela de santuário, as leis do Estado. Era grande a aflição, confesso, e saltei sobre a invocada, bem impressa no nosso ilustradíssimo Diário da República e li. Ou melhor, reli pois que fizera em tão precioso documento uma lavadela de olhos logo quando fora publicada.

Soaram-me sinos nos sentidos. A nossa bem amada Lei nº 40/2006 de 25 de Agosto mostrava, num formalíssimo e severíssimo protocolo who is who a galeria social do Estado. E lá estava, logo a abrir a primeira decepção. Os nossos tão aplaudidos Secretários de Estado remetidos para uma ignóbil 20ª posição e os Presidentes de Câmara atirados confortavelmente para o 41º lugar da tabela de classificação por pontos. E digo confortavelmente, pois é posição que permite a autarca menos escrupuloso com as formalidades do Estado, sair discretamente durante uma cerimónia enfadonha e ir até ao jardim fumar o seu cigarrito e tornar a entrar para o seu discreto 41º lugar sem que alguém dê pela sua falta.

Ora dizia eu que reli a lei e a minha alma exultou. Não me espalhara outra vez. V.Exª sabe, muitos dos meus amigos chamam-me a atenção, e com razão, para o facto de eu entender o Protocolo de Estado como um problema de sapato e de verniz. E se me aplaudem por dar muita importância ao sapato, não deixam de reparar que me preocupo pouco com o verniz. Reconheço que sou filho de más leituras. A severidade de Camilo ou de Eça para o excesso de verniz da classe política, pouco preocupada com o feitio do sapato, foi herança que me desnorteou os cromossomas e bem me penitencio de tanta distracção. Mas enfim! Agora que reli fico com a consoladora certeza que, por esta vez, em terras de Amiais de Baixo, este vosso humilde servo foi, não só gentil, mas respeitador da Lei do Verniz. É que existe um maçador artº 31, nº 1, que coloca, no seu município, o presidente da câmara numa posição que diria, tonitruante. Preside a tudo, Santo Deus! E só lhe ganha a palma Presidente da República, Presidente da Assembleia da República, Primeiro Ministro e, se for fora dos Paços do Concelho, qualquer ministro. Nem uma palavra para Secretários de Estado! Nem um mero afago, um simples carinho. Nada!

Se cominarmos esse antipático artº 31 com o pretensioso artº 33 , então Secretário de Estado tem lugar depois dos nossos bons Presidentes de Junta tomarem assento. Uma injustiça, afirmo eu. Um verdadeiro agravo à brilhante sonoridade que justamente submete quem ouve o título de Secretário de Estado. Não fosse V.Exª uma brilhante Secretária de Estado e não desistiria de a exortar a mobilizar os seus colegas de titulatura para greve reivindicativa contra si própria, ou melhor dizendo, contra o seu inestimável governo.

Não posso dissertar mais sobre esta matéria porque uma outra inquietação me assalta. A minha primeira leitura, e a recente leitura, da Lei do Verniz associada ao discreto raspanete que V.Exª me pregou, com elegância é certo, me conduz a uma terrível descoberta: V.Exª não conhece as leis produzidas pela Assembleia da República que a elegeu! Que fez de V.Exª competente Secretária de Estado! Que deu a V.Exª o rápido brilho que tantos camaradas seus procuram em vão há tanto tempo!

Já se percebeu, com certeza que V.Exª percebeu, que sendo o actual Presidente de Câmara Municipal de Santarém, pessoa pouco dada a essas sublimidades mundanas que não vou fazer do meu obscuro, mas rigoroso, conhecimento da Lei do Verniz uma bandeira de luta pelo bem do nosso concelho. Nem tão pouco essa Lei resolverá o buraco financeiro que o executivo camarário, que teve a honrosa presença de V.Exª, deixou aos vindouros como herança. E para continuar a ser elegante, afasto como se afasta Belzebu, a flatulenta ideia de enviar a um Secretário de Estado cópia da Lei do seu mandato só pelo reles motivo de a desconhecer.

Eu até acho bem que os Secretários de Estado desconheçam as leis que produzem os seus governos e parlamentos. Deixa-lhes o espírito mais livre para as grandiosas tarefas que quotidianamente carregam sobre os ombros, nomeadamente para algum verniz nos gestos e actos.. E V. Exª com uma Secretaria de Estado tão difícil, que obriga a produção de sapato em abundância faz bem em deixar a minudência do verniz para um pobre autarca.

Por esta mesma razão, venho informar V.Exª que a partir de agora vou encarregar-me dessa vulgaridade que os meus amigos me censuram de desleixar. Produza V.Exª os sapatos que do verniz tratarei com gosto e prazer em servi-la.

Confesso que é sacrifício. Sacrifício pessoal, entenda-se. Prefiro mil vezes ver um Secretário de Estado a adornar uma bela mesa, enfeitada de apoiantes e profissionais da política, com um apontamento de flores no centro, uns quantos pacotes de manteiga, mais alguns salgados a condizer, e gravatas distintas, soberbas, do que ser forçado a impor o meu rebelde temperamento a tão augustas personagens, incluindo o pacote de manteiga. Mas se nada valho entre estrelas, querubins e safiras, tenho certeza certa que o Presidente da Câmara Municipal de Santarém, cidade e concelho de prestígio, vai definitivamente ocupar o lugar a que tem direito, por respeito ao augusto Governo de V.Exª e informar os Presidentes de Junta das suas responsabilidades formais. Com grande desgosto meu. Mas seguramente aliviando V.Exª do pesado fardo dos protocolos que desconhece mas com bom proveito para o nobre ofício de secretariar o Estado.

Creia-me com amizade bem disposta e consideração alegre

Com os melhores cumprimentos

O Cidadão
(Francisco Moita Flores)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Tratado de Lisboa - Descodificado, segundo M. Portas

O Tratado - Geral (I)
A a Carta dos Direitos (II)
O Directório (III)
É a economia, estúpido! (IV)

Serão acrescentados novos tópicos neste post.
Subject: Natal 2007 Date: terça-feira, 18 de Dezembro de 2007 18:20

"Segundo noticias hoje divulgadas, após uma breve visita de inspecção, a ASAE fechou e selou o estábulo do presépio, por objectiva falta de condições de higiene e segurança. Foram ainda encontradas várias embalagens irregulares de leite e outros produtos não embalados individualmente na origem e sem prazo de validade, que os ocupantes do presépio alegaram serem "oferendas de pastores". Todos estes produtos, em claro desacordo com as normas da Comunidade, foram apreendidos e serão prontamente destruídos.A Comissão de Protecção de Menores retirou o Menino Jesus à alegada família por falta de garantias quanto à capacidade de criação e educação por parte desta. As condições em que a criança foi encontrada indicavam precisamente isso, segundo os agentes. A criança, um menino, foi imediatamente entregue a uma instituição de acolhimento onde ficará até ser encontrado o pai biológico. A criança foi encontrada numa manjedoura, vestida apenas com uma fralda, pelo que se suspeita de maus tratos continuados. A mãe, de nome Nossa Senhora, está obrigada a pulseira electrónica e a apresentações semanais na esquadra de Belém e o pai adoptivo, auto-denominado São José, ficou em prisão domiciliária. A vaca foi de imediato enviada a um matadouro oficial para ser abatida por suspeita de BSE. O burro, assustou-se com a rusga, conseguiu fugir e foi incluído no Circo Chen. Porque só sabe zurrar e exalar um bafo quente, deverá brevemente servir de jantar aos leões... Entretanto, na fronteira do Caia, a Brigada Fiscal deteve três indivíduos sem identificação que se faziam transportar em camelos. Estão em prisão preventiva por suspeita de trafico de metais preciosos e substancias psicotrópicas, que foram para analise, além de entrada ilegal no Espaço Schengen. Os camelos em que se faziam transportar foram apreendidos e enviados para o Jardim Zoológico, por suspeita de importação ilegal de animais exóticos. As arvores de Natal foram proibidas pelo Ministério do Ambiente porque no caso de serem naturais, delapidam as florestas nacionais e, se forem de plástico, são feitas a partir de combustíveis fosseis, pelo que contribuem para o aumento do buraco do ozono. As medidas já foram aplaudidas pela Quercus, Greenpeace e ambientalistas vários. As prendas são desaconselhadas pela DECO que publicou um estudo em que prova que 85,7% dos brinquedos à venda são perigosos para as crianças, porque têm pequenas peças que se podem soltar e engolir, e para os Pais porque usam os cartões de credito como se não houvesse amanhã... coisa que é provável que haja, não obstante a falta de conformidade dos dias com a calibragem média (é sabido que os dias de Inverno se apresentam bastante abaixo do formado médio e em desconformidade com as normas do sector). A ASAE estuda o assunto pelo que não se sabe qual será o futuro dos dias. O Pai Natal foi proibido de voar com as suas renas, por falta de homologação do plano de vôo pelo operador do sector. Aparentemente, haverá também problemas com a propulsão dos trenós, cuja homologação pela CE se encontra pendente por serem demasiado poluentes e não respeitarem os limites de emissão de determinados gases com efeito estufa. Tal medida, aliás, tem um efeito cumulativo e ineficaz, uma vez que já tinha sido proibida a introdução de objectos pelas chaminés devido ao perigo de incêndio dos recuperadores de calor.Também as crianças foram proibidas de porem sapatinhos e meias nas chaminés pela mesma razão. A medida foi apoiada pela Associação de Protecção à Criança, porque a ansiedade causada pela espera dos presentes poder contribuir para o stress infantil, como apontam alguns estudos norte-americanos. O Instituto Português de Cardiologia publicou um comunicado em que alerta para os perigos da Ceia de Natal devido ao elevado consumo de fritos e açúcar ricos em colesterol e bacalhau com elevado teor de sal, propondo em alternativa um jantar à base de sopa de legumes e uma peça de fruta.Também a Liga de Defesa dos Animais publicou um comunicado insurgindo-se contra a "habitual chacina de perus nesta época" e convocando uma manifestação para o Terreiro do Paço na noite de 24 de Dezembro, onde simbolicamente alguns perus serão devolvidos à liberdade!!! (entretanto a Associação de Caçadores da Trafaria convocou uma "batida ao peru" mas isso é outra historia.....) O Governo já declarou este como "o mais europeu de todos os Natais", que se espera que decorra sem os costumeiros incidentes (chaminés fumegantes, Pais Natais chamuscados dando entrada nos serviços de urgência e renas com stress pós-traumático), pelo que desejou um Feliz e Tranquilo Natal a todos os portugueses. Está já nomeada com carácter de urgência uma comissão de peritos para analisar as repercussões negativas e as desconformidades do Ano Novo, pelo que é provável que este ano se prolongue ou nunca mais acabe".

De: JCN

Chegou-me este mimo hoje pelo correio, via pessoa amiga.
Feliz Natal , com a ASAE e estes "protectores de crianças e perús" por longe.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Os pequenos partidos estarão em vias de extinção?

"Por via de legislação apropriada, o PS e o PSD estão a tentar aos poucos acabar com os pequenos partidos em Portugal, de forma a alternarem-se no poder em todos os cargos. Depois da anunciada nova lei das autarquias em que os pequenos partidos ficam praticamente excluídos de ocuparem pelouros nas Câmara Municipais e mesmo de poderem eleger vereadores, surge agora a aplicação de uma lei estrategicamente escondida e que agora (certamente espera-se contestação até 2009) o Tribunal Constitucional resolveu fazer aplicar em que os partidos com menos de 5000 militantes inscritos serão automaticamente extintos.

Este atentado à pluralidade democrática torna-se ainda mais perverso quando entre os maiores partidos (PSD e PS) é muito difícil encontrar diferenças significativas. Passados mais de 30 anos desde o fim da ditadura, esta quer instalar-se de novo com novos contornos.

Sobre este tema fica
aqui uma sugestão de leitura, incluindo os comentários".
posted by José Luís Araújo


"Há um detalhe importante nesta dinâmica, que é o seguinte:

Com a lei de financiamento dos partidos que existe, os pequenos tendem a ficar cada vez mais pequenos e os grandes cada vez maiores, pois quem não tem votos não factura e sem cash ou aparece um filantropo ou não há com que produzir as gigantescas omeletes mediáticas que são as que asseguram os votos.

Seria também importante nestas dinâmicas perceber se a lei de financiamento dos grandes partidos reflectem realidades aceitáveis.

Depois há a questão da cobertura mediática e seus critérios.

Aí há tempos, numas presidenciais, um dos pequenos candidatos queixou-se de falta de cobertura. Um dos jornais visados tentou emendar a mão e lá mandou um jornaleiro. Na ressaca desabafava o editor que " tinha destacado um repórter para cobrir uma iniciativa onde não tinham estado mais de dez pessoas na sala". Das ideias do homem, nem um virgula. Mas ao lado, um comício sem um ideia mas com muita gente, mereceu ampla cobertura.É esta a natureza das coisas a que há quem chame "democracia".
Posted by Tiago

Era adolescente quando terminou o regime de "partido único".

Percorri parte da vida a assistir à defesa e a defender o multipartidarismo.

Custa-me a aceitar o regresso ao monopartidarismo "multifacetado".

Afinal onde está o direito à diferença? Onde está o direito à expressão e representação efectiva e genuína dos cidadãos?

Será que a lei da "selecção natural" dos partidos não é suficiente? Porque se intromete o Estado nesta selecção prévia?

Recordo que meu avô dizia que se o meu partido estivesse no poder e eu nele "riscasse" alguma coisa, não desejaria a saúde de nenhum outro. Só que se esquecia de sublinhar que esta atitude era a aplicação da "lei da selva"; da "lei do mais forte"; a lei do "matas ou morres"; da lei básica "instintiva e animal". Mas se a civilização é um valor, este desenvolvesse com convivência e ordem consentidas, em paz. O ambiente onde impera apenas a força e visão de um (mesmo que com várias faces), não parece favorecer a civilização (pelo menos durante muito tempo).

Só a eminencia de tempos dificeis poderá justificar a reconcentração de poderes (dizem que a democracia é para ricos em tempo de paz) e o silenciamneto dos "desafinados". Estarão nuvens negras a aproximarem-se?

Santa Maria vista de São Miguel - AZores

A esta distancia, não se percebe como demorou tanto tempo João Soares de Albergaria a descobrir S. Miguel.
Se calhar, nunca saia de Vila do Porto. Se calhar não via bem.

Madrugada em Ponta Delgada


O paraíso pode ser aqui.
Era interessante que os nossos representantes moderassem os apetites daqueles que, de fora ou não, não se importam em liquida-lo por um "prato de lentilhas".

Futuro Casino - Ponta Delgada - Ilha de S. Miguel Açores (Azores)


 Futuro Casino - Ponta Delgada - Ilha de S. Miguel
Açores (Azores)
2007
 
 Vamos a ver se os vícios a vender por este casino serão para nos "depenar" ou para "depenar outros"!


Em 2009
Em 2009 já alguma coisa havia sido alterada da Calhêta .... e, supostamente, no contrato de concessão também ...




Em finais de 2013, passados 6 anos ...



No jogo da Roleta, ou do Blackjack , ainda ninguém ali perdeu (ou foi depenado). Mas, provavelmente, alguns nunca receberam (nem receberão) o que ali puseram (já estão depenados). E dizem que, também e como sempre, existem as excepções: aqueles que já viram o seu (€'s), a tempo, a horas e generosamente ... e que, assim, ficaram com o colchão feito de penas dos outros  ...

Presentemente ... parece uma gigantesca parede em estado de degradação, a fazer sombra à Calheta. Nem jogo, nem comercio, nem hotelaria, nem turistas, nem dinheiro para ... E dizem que, apesar de todos os impoderáveis do futuro de então,  tudo isto já era na altura claramente previsível  ... mas .... Mas ..., previsões existem muitas: as que interessam ou não; as que convêm ou não; as que são uteis ou não ...






... Quem perdeu, dificilmente recuperará; quem ganhou dificilmente perderá ... Portanto, para a frente está o caminho e esse caminho pode ser: deixar aquele "amontoado" para ali a criar "couves" e ferrugem; demolir aquilo ou, ainda, encontrar alguém que repague o acabamento e sustente a exploração (sim, aquilo depois de pronto terá grande despesa permanente). 
E quem quer ali por €€€ do seu bolso? Que uso se poderá dar aquilo compatível com os incontornáveis custos de exploração? Casino para que procura? Centro comercial para que clientes e carteiras ... a canibalizar que concorrente? Centro cultural para que patrocinadores? Hotel para que turistas? 
Se calhar poderia servir de Quartel General do FMI, sucursal da NSA, Call-Center da Unicre, centro de formação do MI6 ... Polo Universitário dos Guias da Natureza, sede da Associação dos Empreiteiros das Obras Maritimas do Atlântico, sede da Associação de Municipios  ...delegação da Assembeia Regional, Residencia Assistida à Terceira Idade,  Hospital ou IPO do Atlântico; sede da SATA Internacional ... ou Sede da Associação dos Arquitectos do Regime.  Alguma coisa se á de arranjar.










E, silenciosamente, as ervas vão crescendo, a ferrugem alastrando, o lixo se acumulando ... e a memória das causas se desvanecendo.
Dentro  de algum tempo aparecerá algum guardião do Oráculo dos assuntos Político-Económicos e Empresariais vindo a publico dizer que o orçamento da comunidade terá (novamente) de abraçar esta "maravilha", que, mais uma vez não teve parto natural e seguro devido à proverbial inépcia e incompetência dos agentes privados (contraposta à proverbial omnisciência e responsabilidade dos poderes público-partidários nessa altura no comando). E a mensagem passará e será absorvida ... depois de esquecido que, uma obra com esta localização e envergadura, exigiu um enorme subsidio que chegou através do Governo ... e uma enorme licença que chegou através da Câmara (gerada internamente e adicionada às do Governo). Uma obra destas envolveu pareceres (ou decisão de os direccionar ou ignorar) de entidades politico-partidárias, finaceiras (adm. publica e bancos), urbanísticas, turísticas, económicas, ambientais, protecção civil, etc. Por aqui pareceu existir um "inédito" concerto de interesses, supra partidário, que permitiu aquilo que quase nenhum privado independente imaginaria ser possível obter.



E, nessa altura, quando o assunto do "refinanciamento" das obras voltar (directa ou indirectamente) aos Planos e Orçamentos Públicos, já poucos se irão lembrar de que: se tratou de um grande e valioso terreno público (não privado), conquistado sobre a antiga Calheta Pêro de Teive aquando das obras de prolongamento da Avenida Marginal; que a cedência do terreno foi feita mediante Concurso Publico, para o qual os Poderes Eleitos da Região tiveram a acessoria especializada que entenderam apropriada; que existiu mais do que um concorrente e que o processo sofreu uma "inexplicada" inflexão de decisão antes do seu termino; que o contrato tinha, como obriga a lei, previsões de prazos e consequências para o não cumprimentos das sua clausulas; que esta obra não foi decidida nem executada na Pré-História e, portanto, continua por ai quem saiba bem mais deste processo do que quem escreveu estes texto ....
E, mesmo que se lembrem, será que isso fará alguma diferença? Uma coisa é certa: alguém vai pagar o acabamento ou demolição daquilo - e tenho a impressão que não serão os turistas, nem os jogadores de "BlackJack" nem tão pouco os que estiveram envolvidos nas decisões, conselhos, projectos ou execução do que lá está.

Todavia, como dizia o outro: c'est la vie". As coisas foram como foram ... e falta acabar o resto "comme il faut". Já agora, se for demolida pelo menos uma parte, haverá muita gente que aplaudirá.



Fajã de Cima - Parque Urbano - Ponta Delgada


A fusão da Fajã de Cima com Ponta Delgada, está à vista. A cintura verde agrícola está a desaparecer e os "pombais" humanos a tomar o seu lugar.
Há quem diga que, apesar de se saber que a necessidade humana mais básica ser a alimentação, não tem havido grande preocupação em manter uma reserva compatível com possíveis tempos de crise alimentar (e a história reporta muitos).
Nos dias que correm, fruto de contexto que aqui não vale a pena desenvolver, a actividade agrícola não conseque concorrer com outras. O problema reside no facto de as outras serem alimentadas por "balão" que não é mantido pelo sopro da população ou poderes açorianos. Se quem está soprando deixar de soprar, que escapatória teremos? Parques Urbanos?

Avenida D. João III - Igreja da Mãe de Deus - Ponta Delgada

Coexistencia pacifica!
Forçada ou não, não há alternativa. Como este ex-mausoléu, os sinais da vida e ocupação passadas vão lutando por se manter de pé. E não é facil manter-se; muitos cairam pelo caminho.

Avenida Marginal de ponta Delgada - AZores


Há quem defenda que o retorno do investimento em parques de estacionamento urbanos ultrapassou o do investimento em imobiliário habitacional.
Será porque, na prática, ninguém os poderá evitar? Será porque terão um IMI mais macio?
Oxalá as entidades concessionárias não venham a ter condições de se entender entre si, no tocante a tarifas; caso contrário será mais um "imposto" a pagar por viver em PDL.

S. Roque - Ponta Delgada - Azores


Esta neblina matinal felizmente não corre o risco de se transformar no smog dos grandes centros urbanos. Mais por termos a condição atlântica periférica do que em resultado de se estar a conter a concentração populacional.

Populo - S. Roque - Ponta Delgada - Açores

Tem sido um privilégio viver nesta zona da ilha de S. Miguel.

Oxalá o Livramento, S. Roque, Fajã de Baixo, Calheta e Lagoa continuem a oferecer condições para, em segurança, fruir este ambiente costeiro e suburbano, sem a pressão demográfica com que alguns tentam carregar-lhe.

È um facto que a urbanização sempre trouxe vantagens para a civilização e actividades humanas. Todavia essa valia, em cada local e contexto, tem o seu ponto de equilíbrio. Uma vez ultrapassado significativamente, os prejuízos resultantes dos excessos, nem num par de gerações se pagam e ainda menos se corrigem.

Há quem defenda que esta vertigem de concentração poderia ser mitigada com o que chamam de “Plano Regional de Ordenamento do Território”, que orientando também a distribuição do investimento publico, orientaria a distribuição das ocupações/emprego e, consequentemente, da fixação da população. Todavia, consta que esse plano foi iniciado nos primórdios dos anos 80, revisto várias vezes, nunca aprovado e ainda menos publicado. Há quem defenda que quando o for, na melhor das hipóteses, será inútil.

Oxalá o bom senso penetre neste regime de governação e administração democrática e que ilumine aqueles que decidem, aqueles que escolhem quem decide e aqueles que, podendo ser escolhidos para decidir bem, não se tem chegado à frente.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Fajã do Calhau - Agua Retorta - Faial da Terra - Açores

 Fajã do Calhau
Água Retorta - Concelho da Povoação - Ilha de S. Miguel - Arquipélago dos Açores 
Republica Portuguesa !

  Kolossal ...!



Uma obra "Kolossal"!
Há quem diga que é uma vitória da determinação e da acção contra a burocracia territorial;
Há quem diga que é o fruto de grande intuição técnica e grande generosidade para com um concelho periférico;
Há quem diga que é o triunfo do pragmatismo contra a pretensão do uso de poder "ilegítimo" por parte de ambientalistas;
Há quem diga que enquanto cães ladram a banda toca e passa;
Há quem diga que é dinheiro deitado à água; Há quem diga que isto mais parece uma mina de ferro em "céu aberto" do que uma acesso viário a uma Fajã;
Há quem diga que esta obra justificaria um estatuto de atracção turistica da ilha.
Eu digo que é "Kolossal".
Em cima: Água Retorta - no início do séc. XX.
Em baixo: Fajã do Calháu - no final do séc. XX.


 
 
  
 




















Se alguém foi herói por aqui, e sobreviveu para contar a história, foram os operadores de máquinas pesadas que abriram esta via. Em obras miúdas, para pregar um prego, são necessários capacetes, coletes reflectores, botas de biqueira de aço e outros adereços de segurança. Por aqui, tais "delicadezas" não foram possíveis. Não ter havido acidentes fatais nesta obra foi um milagre cuja probabilidade de retorno poderá ser de séculos.













Em 2008 - já a "Nau" tinha chegado ao porto ....

É impressionante - como houve quem tenha sido capaz de convencer um Governo a fazer uma obra destas num lugar destes. Talvez porque que se tratava de um Governo "rico" - ou de cidadãos reivindicantes "temíveis" ... ou ambos ...


E, enquanto quem mandava, mandava fazer a obra, os seus subordinados "administrativos" tentavam, paralelamente, impor classificação da Fajã do Calhau como "Espaço Natural" (no P.D.M.); ou seja espaço onde quase nada seria permitido fazer (transformar) para além de deixar crescer canas e silvas ... a menos que esses proprietários se dirigissem a essa Administração Publica "Pedir a Benção" e pagar a respectiva "Taxa". 
Ou seja: a A.P. apropriava-se dos direitos de terceiros (classificar território é frequentemente isso mesmo) ... e, parecia, abria-se a via para os valorizar e usufruir ...



Independentemente de qualquer outra apreciação, esta obra teve um grande mérito: foi feita com "prata da casa" e, portanto, a despesa (e receita) foram feitas por aqui. Ficou dívida, sim, mas também ficou dinheiro distribuído - o que é uma vantagem enorme comparativamente às obras que igualmente geraram dívida mas que não distribuem por cá nada (€s) de relevante.


















2013






                     
                     2014

Passada mais de meia década do inicio desta obra controversa, o seu aspecto está assim:
 


Conforme se vê no “placar/anuncio” acima, a pavimentação final foi orçada em 550k€. Com os habituais trabalhos a mais de 25% pode ter chegado próximo dos 700k€. Como as escavações, várias plataformas experimentais, e estabelecimento do trajecto definitivo - podem ter custado pelo menos 5 vezes a pavimentação final, podendo-se assim suspeitar de um custo total na ordem dos 6x700k€; ou seja próximo 4M€; ou seja proximo dos 400 000€ por cada casa (supondo ainda existirem 40 casas por ali).

Convêm relembrar que a abertura desta via foi feita sem projecto, sondagens ou uma ideia segura de por onde ir, como e por quanto. Ainda são visíveis sinais das várias experiências de traçado que se fizerem ... tendo a obra chegado a ser interrompida, já em fase adiantada, por falta de soluções a partir dai. Como foi ultrapassado esse bloqueio de então é coisa que talvez desapareça no fundo da memória daqueles que estiveram associados ...

 
Todas as coisas más, em maior ou menor dose, tem o seu lado positivo. O desta obra, para além do acesso ao local, teve a virtude de ser realizada (sem imposição de muitas das regras legais) pela "prata da casa". Portanto, se a despesa foi toda dirigida aos executantes da obra, foi dinheiro que ficou a circular pela ilha ... ou créditos bancários que foram possíveis de saldar.


Há uns anos atrás, não havia "ambientalista" que não dedicasse horas mensais da sua vida a combater esta "barbaridade" ambiental. Com o desaparecimento do Veríssimo Borges - parece que todos os outros "abocanharam as chuchas possíveis" e se calaram.
De facto, tendo em conta as fotos acima e as imagens da Google abaixo - não sabemos se foi ou não um crime ambiental - mas seguramente que quem promoveu, conduziu, autorizou, ou se calou, com esta obra - não tem legitimidade para falar contra ou impedir (via legal ou outra) qualquer outra coisa deste calibre.
Mas todos sabemos que - entre legitimidade e poder vai, às vezes, alguma distancia ...
 
Uma coisa parece ser certa: a natureza tem uma grande capacidade de se recompor.   Presentemente as "feridas" na falésia já estão a caminho de cicatrizarem... e a memória a caminho de ser apagada.
E o irónico da questão é que a vinicultura por aqui não se expandiu em consequência - nem recuou o promotor da obra (Governo) na sua imposição de classificar este espaço como "Natural" (proibição de construir qualquer coisa de novo na área).

 
 


Quem passou por aqui nas ultimas décadas pode notar que o mar já afundou o calhau entre  um e dois metros - e que, em consequência, a barreira já subir, em altura, outro tanto.  Portanto, quem quiser manter a área do logradouro e a casa, tem de, periodicamente, reforçar (e aprofundar a fundação) do muro de suporte.

 


Com maior ou menor dificuldade, algumas da vinhas vão se mantendo. Algumas novas até se vão instalando, fazendo-se uso de novas castas e técnicas de plantio. Contudo, o assumir a "faina" da vinha como recreio é coisa que não cola facilmente no espírito das gerações mais recentes.

 
 
 
 

 
 Entre vinha de cheiro (americana) e, supostamente, a touriga ou merlot parece haver uma competição cujo desfecho á já previsível.
 

 É que isso de fazer novas plantações exige recursos e, nos tempos que correm, por vezes não existem na abundância conveniente ...
 
 
 
 
 
 
Como, de passagem, encontramos a Igreja de Água Retorta aberta (freguesia à qual a Fajã do Calhau pertence), entramos ... e fotografamos
(Nª  Sr.ª  da Penha de França)..