Paisagens da Ilha do Pico - Verão de 2012 - Arquipelago dos Açores - Portugal
Pico Island Landscape - Summer 2012 Azores Archipelago - Portugal
Se existe zona do arquipélago dos Açores onde a vivência insular se faz sentir, esta é no Grupo Central (de Ilhas), grupo que incluem as ilhas do Faial, Pico e S. Jorge - e, de forma mais afastada, a Graciosa.
Embora se use estas publicações como locar de deposição de fotografias e memória daquilo que nos tocou positivamente, por vezes deparamo-nos a procurar aquilo que de especifico por aqui nos tocou. E, aqui, nos Açores, no Grupo Central de Ilhas, há algo de específico, que a natureza criou e que a "globalização" ainda não mascarou.
Este arquipélago é, evidentemente, uma zona bastante afastada, não só das grandes concentrações humanas e respectivas dinâmicas, como de muitos dos recursos básicos de vida. A globalização de tudo, inclusivamente das imagens, comunicação e da circulação de padrões estéticos e culturais, chega tarde aqui e, por vezes, nem chega. Se por alguma razão isso é mau, por outras talvez seja bom: tendências e modas fugazes, destinadas a alguma "pesca" sazonal, morrem antes de cá chegar.
Com isto pretendo dizer que, nestas ilhas, de alguma forma o mundo é visto de forma diferente do olhar tipicamente "continental". Apesar de toda a evolução das comunicações e meios, o horizonte marítimo continua a impor o seu respeito e distanciamento; o perímetro da ilha continua a relembrar que o fundamental do investimento pessoal deve orientar-se para dentro - e que a família e as "tribos" amigas estão ali à volta, nas outras duas ou três Ilhas, ao alcance até dum barco a remos.
Este sentimento captamos de firma mais intensa no Pico do que nas outras vizinhas. Por aqui continua-se a notar a escassez de recursos materiais em terra e o imenso mar circundante. Por aqui continuam a notar-se os ecos da luta passada pela sobrevivência assim como sinais da satisfação de viver, mesmo neste confinamento. Por aqui as pessoas habituaram-se a viver bem, com o pouco que aparece disponível. Por aqui a globalização estética e a instalação desenfreada de equipamentos/técnicas exógenas não facilmente domináveis pelos locais, não teve solo fértil. Muito do que aqui existe, continua a ser possível manter em actividade, mesmo em situação de corte umbilical com outras paragens.
Apesar de não termos uma ideia segura de como é durante o Inverno, nesta altura (verão) a aproximação aérea à pista e o desembarque, com bom tempo, são a primeira calorosa saudação de boas vindas.
A caminho da Madalena, um exemplo da parcimonia na adaptação de cada recanto a zona de recreio maritimo e balnear. Nada de piscinas milionárias, aqua-parques maritimos nem barreiras marginais de alojamento em altura. Aqui pode dar-se expressão a qualquer genuino gosto de fruição da natureza maritima estival, em cenário genuinamente local, sem a invasão da estética "intercontinental" e das ilusões de luxo que, de forma consistente, uma região como esta não pode comportar nem sustentar.
Quem aqui vem vê isto, como unico, pela primeira vez - e não mais um solário maritimo igual a milhares de outros espalhados entre o sul da Turquia o Algarve. Aqui a unica coisa que não se encontra é o luxo; mas encontra-se imenso daquilo que as zonas luxuosas não conseguem adquirir.
E, depois de chegados, depois de feitas as compras básicas na Madalena, dirigimo-nos a S. Roque e, como caminho, adoptamos a estrada marginal - pelo Lagido.
Se existe zona exótica nesta ilha, esta é ela. Baseada em manto de lava preta, com o interior florestado ou ocupado por vinhas e com as zonas marginais ainda de rocha salgada e calcinada exposta, por aqui a sensação do insular é diferente. A cota desta plataforma é muito baixa, permitindo olhar-se para S. Jorge com uma perspectiva que ilude e encurta imenso a distancia. É aqui, no Lagido, que o Pico é completamente diferente das outras Illhas.
Mar de lava solidificada à beira mar
Se existe uma forma de celebrar, de sublinhar, de relembrar, de realçar, de valorizar aquilo que de especifico uma região possui, essa é evitando exagerar na escala dessa celebração. Ao contrário da da grandiosidade insustentavel e inexplicavel, por exemplo, das obras dos Capelinhos (Faial), por aqui o Museu do Vinho do Pico cheira a vinho, cheira ao Pico, cheira ao mundo rural onde esta actividade existiu ... e não a mais um investimento inutil, patrocinado por agentes exógenos à exploração e resultados da sua implantação.
Aqui sente-se que quem entra, o faz num mundo com sinais duma realizade vivida por outros e não num palco de fantasia moderna, onde tudo se esfuma com o desaparecimento do maná do subsidio das organizações governamentais. E a acrescer a esse ambiente fisico, adiciona-se o da selecção de pessoal conhecedor da matéria e da reapectiva história, duma simpatia e charme inescediveis; se não fosse pelos seus dotes de persuasão, muita gente passaria sem experimentar o "Frei Gigante, o "Terras de Lava" ou o Buraca.
Os primeiros a chegar (para o fim de semana das festas do Cais de Agosto) tinham-se precavido, levando transporte proprio.
E chegamos a S. Roque, à belissima Pousada da Juventude, antigo Convento Franciscano, secularizado no inicios do secula XIX.
Parque de campismo - Furna - S. Roque
Existe muito alojamento turistico nas redondezas com configuração semelhante a esta ...
A Furna (S. Roque). Local simplesmente espectacular ... sob várias perspectivas.
Centro da Vila, junto ao porto, cais, Fábrica/Museu e Clube Naval
A almoçar por aqui, no Clube Naval, com a vista para o Canal, é excelente opção (se não existirem as continuas obras no porto.
E, depois do almoço, porque não uma visita ao Museu (Armações Baleeiras)?
Não queriamos deixar de relembra a "Residencial Montanha", que nos acolheu durante dois dias e cujo ambiente nmuito contribuiu para o nosso fascinio pelo Pico e pela Vila de S. Roque.
Já conheciamos esta planta e respectivo fruto (uma especie de abacaxi) mas nunca vimos tantas e tão bem adaptadas como no logradouro da residencial.
Uma visita breve aos suburbios ...
Antes da subida ao vulcão era prudente fazer uma visita à estrada do Mato e avaliar a paisagem da montanha mais de perto. Se o "adversário (a subida da montanha) se afigura valente, é prudente estudá-lo, previamente.
Conteiras, afinal, existem em quase todas as ilhas ..
São Jorge, e o seu canal ...
A Estrada da Montanha (E-W)
S. Jorge (e Graciosa) vista da estrada de acesso à Casa da Montannha.
Continuando a costa Norte, em direcção a nascente: S.to Amaro ao longe ...
Por
qualquer razão que remonta aos primórdios da ocupação da ilha, chamam a
estas superficies de lava cobertas de vegetação - Mistérios
Chegados a Santo Amaro, para além dos vários portos e solários nas localidades proximas, levavamos o propósito de visitar os antigos estaleiros navais, presentemente reduzidos a Museu.
No extremo nascente, a Ponta da Manhenha e o farol.
Calheta de Nesquim - e as suas belissimas piscinas naturais.
Consequencia das imagens da "Baleação" no Pico, geradas pelos livros de Dias de Melo, onde este local ocupa um espaço importante, tinhamos obrigatóriamente de vir aqui. E valeu bem a pena ... pois os ecos do passado ainda se sentem ... e o "ecossistema" humano predominate maritimo-costeiro também.
E, assim, se continuou pela costa Sul, em direcção às Ribeiras e às Lages
Que me perdoem se me engano, mas julgo tratar-se da Ribeira Seca e da sua belissima zona balnear, natural (Porto da Aguada?).
Ribeiras
E chegamos às Lages (costa Sul).
e ao Clube Nautico ... e Baleeiro.
Por aqui a cultura da caça à baleia ainda se mantem como identificação local. As canoas mantem-se em impecavel estado de manutenção e as tripulações treinadas para as competições desportivas de verão.
O recreio nautico a a actividade turistica associada à aprocimação da vida dos cetáceos, está bens patente e instalada.
No dia anterior, alguns de nós já havia visitado a Vila ... e Museu dos Baleeiros. Mas isso não nos impediu de lá voltar.
E, como as horas passam, é hora de jantar e há ainda um aniversário para comemorar, na Madalena, são horas de continuar, Rumo a S. João, S. Mateus e Madalena.
E a noite promete, para aqueles que decidiram trepar a montanha esta tarde e lá pernoitar.
A ligação viária à Madalena estava esplendida. E a noite clara, iluminada pelo por-do-sol ajudava imenso.
No Pico as vias publicas (Estradas Regionais) para além de estarem em excelente estado, exibem um cuidado no desenho e tratamemto dos espaços marginais notável.
Faial, e Castelo Branco, ao fundo.
Ao passarmos pela "Criação Velha"/"Areia Larga" fizemos uma breve paragem no portinho e no famoso restaurante "O Ancoradouro".
E somos chegados à Madalena onde, por um lado a sombra cobre a montanha e, pelo outro alguns veleiros se abrigam, com a bela vista da Horta e Praia do Almoxarife (Faial) ao fundo.
Após cinco dias, incluindo uma ida ao Faial, a vontade de ficar mais algum tempo era grande. Mas obrigações pessoais calendarizadas para S. Miguel obrigavam a partir.
E como as condições metereológicas excelentes que se faziam sentir, nada melhor que embarcar no navio "Express Santorini" (q bem podia chamar-se Expresso do Pico) e Rumar às Velas de S. Jorge e percorrer a costa desta ilha a caminho da Terceira
Sobre a subida à montanha/vulcão:
http://flaviusvb.blogspot.com/2012/12/subida-ao-vulcao-da-ilha-do-pico-2351m.html
No proximo capitulo, viagem de regresso
MAPAS