segunda-feira, 7 de abril de 2014

Vila da Povoação e Porto de Recreio - S. Miguel - Açores

Vila da Povoação e Porto de Recreio
S. Miguel - Açores
Azores - Portugal

Nem todas as manhãs de Inverno são assim.
 

À aproximadamente uma década atrás foi construido o porto de recreio na Povoação. Uma infraestrutura que não era determinante nem fundamental para o local, mas que acrescentaria valor se abrigasse e facilitasse a varagem das poucas embarcações que ali existiam ou passassem, ou que poderiam realisticamente vir a existir ou passar.


Obra interessante, de iniciativa do actual P. da Câmara. Só pecou por ter sido talhada à medida dos meios que então a autarquia possuía, apesar de, alegadamente, o consultor/projetista ter manifestado as suas reservas sobre a suficiência do decidido. Afinal, se a maior parte da despesa ia ser feita; porque não a completar?
Mas quem pode ter tudo? Se não se pode fazer tudo ... faz-se aquilo que se pode, terá eventualmente ele pensado. O processo político e eleitoral pode ser complexo e poderiam ser necessárias reservas para obras noutros pontos da geografia concelhia.


E aquilo que não se fez na altura parece que está a ser feito agora. E que novo complemento!  Parece que estas obras de acerto tem um volume maior que o projecto completo e inicial para este porto! A Tecnovia parece não ter grandes razões de queixa dos efeitos da actual crise nacional! 






Esta Vila merecia um porto destes. E um porto destes, ajustado à realidade física e humana local,  nem é complexo nem necessita de ser caro. Oxalá os seus habitantes não tenham de pagar exorbitâncias para poder beneficiar deste mimo. De exorbitâncias talvez tenha sido suficiente a Piscina Coberta (c/ encargos vários associados: 5 milhões).

Abjudicação da obra foi de 4.000.000 € (A.O. 27/09/2012). Sabendo-se que as obras marítimas costumam ter orçamentos iniciais que facilmente derrapam para próximo dos mais 50%, poderá vir a ter-se aqui um fecho próximo dos: 6.000.000€.  Este poderá vir a ser o custo final não de construção de porto mas apenas e tão só do "melhoramento de operacionalidade"). 
O valor final da obra será este, ao qual se deverá adicionar o valor atualizado da obra inicial (despesas à data, actualizadas para o dia de hoje às taxas de juro vigentes). E tudo isto feito em nome, e para beneficio, das 3300 pessoas da Vila e Lombas.

Assim, assumindo que a obra inicial custou o mesmo que este melhoramento, poderemos ter o seguinte cenário representativo da atenção aos reais interesses da Povoação por parte dos órgãos de governo (concelhio ou não) eleitos. Estes órgãos são os que podem decidir fazer despesa ou divida em nome de terceiros: em nome de quem votou a favor; de quem votou contra e, acima de tudo, de quem não votou nem validou essas decisões.:
Custo do porto e recreio, completo (6M€+6M€)         12.000.000€

Custo da piscina coberta:                                               5.000.000€
Custo total destes dois "mimos":                                 17.000.000€
Custo total, por família da Vila e Lombas (4 pess/fam.):  21.000 €
Principais Empreiteiros beneficiados com estas abjudicações: todos com sede fora da Região, da Ilha ou do Concelho.









Numa de manhã solarenga de Inverno (fotos seguintes)!

Local muito bonito e agradável, que talvez merecesse outro volume de procura e natureza de ocupação.
Mas, "milagres" desses não existem; por se fazer obra municipal de recreio num Concelho periférico o mundo não se altera. Para esta ser útil, é necessário que exista quem possa (e queira) recrear-se por aqui e, sem notória dor, compensar quem fez o sacrifício inicial de construir isto. E essa compensação só se obtém integrando este recreio num negócio mais vasto de colheita de receitas - e só é real se o local for notoriamente e extensamente procurado e usado.
Todavia, ai,  em matéria de negócios rentáveis, as autarquias (e autonomias) tem um curriculum pouco invejável. A especialidade deles tem sido construir qualquer coisa, com "ofertas" da "Europa" cobrindo 85% dos custos declarados e com crédito bancário ilimitado. Quem não esteve no comboio dos partidos do poder, não teve acesso a estes banquetes de "85%", nem ao crédito bancário garantido por outros. 

Mas esses, os que estivaram de fora, mesmo assim e com grande probabilidade, poderão vir a ser "chamados à pedra" para "juntar e limpar os restos da festa" ...e pagar as consequências ...

O causa provável da ocorrência sistemática destas iniciativas "exorbitantes" é que a maioria das administrações autárquicas (e outras publicas) se vão sucedendo, umas atrás das outras ... imunes às consequências negativas (custos de manutenção e encargos de divida) daquilo que decidem e fazem ... e assumindo que, quem vier atrás, que "varra a casa", "conserte o telhado", "venda o gado" e "feche as portas" ...







Mas que o porto valorizou a Vila, valorizou. É verdade que foi muito mais no domínio paisagístico e urbano do que no domínio do apoio ou promoção das atividades ligadas ao Mar. Mas antes isso do que nada, dirão muitos; há quem compre carros que não são necessários para o transporte; há quem compre óculos escuros para usar em interiores ou no Inverno nebuloso. Enfim, esta obra marítima teve pouca ligação ao mar mas permitiu uma "cara lavada e cuidada" à Vila da Povoação. Tivesse a Ribeira Grande conseguido o mesmo (sem pagar 10 pelo que vale 2) e já teria mais algum aspecto de cidade.













Parece que a Tecnovia se dá bem com os ares da Povoação ... melhor mesmo que os nativos ...